As lições para o movimento anti-capitalista!

 

Muita coisa mudou em relação há dois anos atrás, quando da última edição do Fórum Social Mundial no Brasil. Naquele momento havia uma enorme esperança no governo Lula recém empossado, em processos de luta gigantes como o ‘Argentizazo’ e as mobilizações incríveis na Bolívia.

Da mesma forma, o movimento mundial contra a guerra ao Iraque ainda sentia o impacto das dezenas de milhões de tomaram as ruas contra Bush e as ações assassinas do imperialismo.

De lá para cá, muitos ativistas começaram a tirar conclusões pessimistas em relação à luta. Viram o fiasco do governo Lula e os processos de luta massiva na América Latina darem lugar a governos que mantém a mesma lógica do neoliberalismo embora tentem se fazer passar por anti-neoliberais.

A reeleição de Bush também fez com que uma parte dos ativistas anti-imperialistas e anti-capitalistas se alarmassem com a possibilidade de abertura de uma situação internacional ainda mais desfavorável para os que estão do nosso lado.

Porém, é preciso reafirmar que ainda existe uma grande disposição de luta contra o imperialismo e as terríveis condições de vida criadas pelo capitalismo neoliberal. Dessa vez, porém, cabe a nós tirar as conclusões e lições das experiências de luta anterior.

Na Venezuela, a força das massas conseguiu mais uma vez derrotar o imperialismo no referendo revocatório, está se enfrentando com as novas tentativas golpistas e ainda consegue avançar na radicalização de medidas como a extensão da reforma agrária e a expropriação de empresas.

Na Bolívia, estamos vendo novamente os trabalhadores e o povo pobre nas ruas. As vitórias conquistas em El Alto, expulsando a multinacional que passava a controlar o abastecimento de água, deve continuar com mais força no próximo período.

O Iraque, por sua vez, transformou-se num verdadeiro pântano para os EUA. A resistência cresce e as eleições fajutas não abrirão uma fase de consolidação de um regime pró-EUA estável. A oposição á guerra continua grande nos EUA e deve crescer mais no próximo período.

No Brasil, recomeçaram as lutas importantes , apesar do papel de freio jogado pelas direções sindicais e populares vinculadas ao PT. Greves como a dos bancários em 2004 e mobilizações como a Marcha em Brasília de 25 de novembro de 2004 deverão se repetir e crescer ainda mais em 2005. Novas rupturas com o PT surgem e o P-SOL tem a chance de se transformar em uma grande referência de esquerda alternativa ao PT e ao governo.

Até mesmo na Europa, onde uma nova onda de ataques e políticas neoliberais está em curso, a resistência cresce. No último período vimos a classe trabalhadora européia voltar à cena da luta. Grandes greves parciais e gerais, manifestações massivas atingiram inúmeros países europeus, com destaque para a Alemanha, um país central e que vive uma intensa luta contra os ataques do governo social-democrata e suas políticas neoliberais.

Quem fracassou desde o último Fórum, foram as diferentes tentativas de oferecer uma alternativa ao neoliberalismo que não rompesse com a lógica do sistema capitalista como um todo. Esse é o caso de Lula. Ao tentar manter a essência da política econômica anterior, mas com uma suposta preocupação social maior, o governo brasileiro apenas deu uma cara aparentemente mais respeitável à crueldade das políticas neoliberais.

Aqueles que, iludidos, apoiaram Kerry para derrotar Bush também fracassaram. Saíram desmoralizados e não conseguiram fomentar uma oposição de verdade ao regime de Bush e seus cúmplices.

Todos aqueles que se iludiram com uma saída apenas eleitoral, exclusivamente por dentro das instituições da democracia burguesa, também fracassaram ao não perceber que o poder real se encontra nas mãos de quem controla a economia e estabelece as prerrogativas e limites das instituições do regime burguês.

Fortalecer uma alternativa de esquerda socialista

Portanto, neste Fórum Social Mundial, é preciso continuar fomentando as lutas e debatendo as alternativas. Porém, é preciso tirar as lições das experiências dos últimos anos. É preciso fortalecer os pólos de esquerda socialista nos movimentos sociais e levantar a bandeira do socialismo como alternativa.

O Comitê por uma Internacional Operária e suas seções nacionais lutam para fortalecer a esquerda socialista nas lutas dos trabalhadores e da juventude em todo o mundo. Trabalhamos para desenvolver um programa socialista que ligue as demandas concretas das massas à necessidade de transformação do sistema e, com isso, façam avançar a consciência e coloquem a luta num patamar mais elevado.

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